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BARRA DO PIRAÍ

    Barra quer dizer foz de um rio, lugar onde um rio se lança em outro. E, como em Barra do Piraí o rio se lança no rio Paraíba do Sul, forma assim a foz do rio Piraí. Logo, como Barra do Piraí é uma cidade cortada por dois rios: o Paraíba do Sul e o Piraí, nada mais adequado do que o seu nome.
    Durante o período colonial, a região onde se encontrava o município, ou seja, o Vale do Paraíba, era uma imensa floresta habitada por índios das tribos Xumetos, Pitas e Araris, que foram chamados pelos portugueses de Coroados, devido à forma do seu cabelo. Até hoje podemos observar nos nomes de nossos rios Paraíba e Piraí, no nome do Distrito de Ipiabas, da Serra do Ipiranga e da Fazenda Ibitira, a herança deixada pelos índios. Enquanto isso, nas Minas Gerais (atuais estados de Minas Gerais e Goiás) onde o ouro estava sendo explorado, trazia-se muita riqueza para aquela região.
    A ligação entre o Rio de Janeiro e a região das minas era feita por meio de trilhas no meio da mata: as estradas do ouro. Ao lado destas, outras menores foram abertas e algumas passavam próximas ao lugar onde hoje está Barra do Piraí e Valença (município vizinho ao nosso). Esses caminhos serviam para passagem das tropas de mulas, que por serem animais muito resistentes, faziam o transporte do ouro e, posteriormente, da produção do café, que saia de nossas lavouras para o Rio de Janeiro, trazendo na volta produtos para os habitantes das minas.
    Somente após a independência, quando as minas de ouro decaíram, muitos mineiros e portugueses vieram se estabelecer nas margens do rio Paraíba e, assim, iniciaram a plantação do café. Começaram a surgir, então, as fazendas de café, que, para se formar, expulsaram os índios. Eles foram aldeados na então Conservatória do Rio Bonito (atual Conservatória do distrito de Valença). Daí por diante, várias cidades foram surgindo em torno da lavoura do café como Valença, Vassouras, Piraí, Barra do Piraí, entre outras.
    Cabe ressaltar que, na época, o braço escravo era a mão-de-obra usada na produção cafeeira. E eram nas fazendas de nossa região que possuíam grandes senzalas, nas quais eles abrigavam os escravos negros, de vários grupos étnicos vindos da África.
    A primeira notícia que temos de nosso município é de 1843, com a compra de um sítio na foz do rio Piraí, denominado Barra do Piraí, por Antônio Gonçalves de Moraes, também dono da fazenda São João da Prosperidade, em Ipiabas, hoje distrito de Barra do Piraí, que, na época, era onde se produzia o café. Cabe ainda ressaltar que tal fazenda guarda até os dias de hoje sua estrutura intacta, estando aberta à visitação e oferecendo um belo roteiro turístico.
    Dez anos depois, o dono do sítio construiu uma ponte sobre o rio Piraí e, assim, teve início o povoado de São Benedito, em terras do município de Piraí, cidade vizinha a nossa. Já em 1864, com a chegada da estrada de ferro D. Pedro II, construída para levar a produção cafeeira do Vale do Paraíba para o Rio de Janeiro, o povoado de São Benedito recebeu um grande incentivo para seu desenvolvimento. Assim, o povoado cresceu e tornou-se o centro do comércio do café da região.
    Estabelecimentos comerciais foram criados, armazéns de café recebiam o produto de várias cidades e, daqui, enviavam para o Rio de Janeiro. As tropas de mulas traziam o café de longas distâncias, agora para a cidade de Barra do Piraí, e muitas vezes era usada a navegação pelos rios, pois no rio Paraíba os barcos navegavam desde o Tombo do Paraíba (Cachoeira do Funil, em Resende) até Barra do Piraí, sendo o rio Piraí também navegável.
    Com a construção dos ramais da estrada de ferro para São Paulo e Minas Gerais, diminuiu-se o movimento de exportação do café. Porém, Barra do Piraí continuou sendo um grande entroncamento ferroviário, onde os viajantes faziam baldeação e, muitas vezes, pernoitavam. Daí a existência de um Hotel da Estação, muito movimentado na época.
    Em 1881, foi criada a estrada de ferro Santa Izabel do Rio Preto, depois chamada de estrada de ferro de Sapucay, Rede Sul Mineira e, finalmente, Rede Mineira de Viação, e construiu uma ponte sobre o rio Paraíba (a nossa ainda existente ponte metálica), para passagem dos trens e depois de pedestres.

    No ano de 1879, foi criada a estrada de ferro Piraiense ligando o povoado de Barra do Piraí à sede do município que, na época, era Piraí. Com essas três estradas de ferro e um crescente comércio, Barra do Piraí passou a ser o centro econômico do Vale do Paraíba, porém, continuou como povoado, pertencendo a dois municípios. Somente em 1885 foi criada a freguesia de São Benedito de Barra do Piraí.
    O povoado de Santana também prosperou com o auxílio do Barão do Rio Bonito, que construiu a igreja de Sant’Ana e o beco da Carioca e, apesar dos esforços que fez junto ao governador de D. Pedro II, não conseguiu a elevação da vila de Barra do Piraí a município, durante o período do Império, já que o poder dos políticos de Piraí e Valença não permitia, uma vez que as estradas de ferro davam muito lucro a esses municípios.
    O café trouxe grande riqueza para as cidades do Vale do Paraíba, porém essa riqueza durou poucos anos. O Vale a partir de 1830, entrou em decadência 40 anos depois. As grandes fazendas definharam e os fazendeiros empobreceram. Em 1888, quando foi abolida a escravidão, a maioria das fazendas já estava sendo entregue aos bancos aos quais os fazendeiros deviam muito dinheiro.
Na década de 70, as fazendas de café entraram em decadência e os municípios de Valença, Piraí, Vassouras, Resende, Três Rios e Paraíba do Sul sofreram muito com a decadência das fazendas, perdendo suas rendas. Barra do Piraí, porém, não sofreu muito com a decadência do café, por ser um entroncamento ferroviário importante.
    Com a Proclamação da República e a mudança do poder político, Barra do Piraí foi elevada a município em 10 de março de 1890, tendo suas terras desmembradas dos municípios vizinhos. Da cidade de Valença, foi desmembrada a Vila de Sant’Ana, à margem esquerda do Paraíba. De Piraí, a próspera freguesia de Barra do Piraí, situada à margem direita do Paraíba. E de Vassouras, a Vila dos Mendes, que já possuía, nesta época, uma fábrica de papel (CIPEC) e fábrica de fósforos, além de fazendas.
    Em 1890, Barra do Piraí possuía quatro mil habitantes. Como município, Barra do Piraí cresceu e tornou-se um centro comercial muito importante do Vale do Paraíba. As Ferrovias Central do Brasil; Rede Mineira de Viação; e Piraiense eram o meio de comunicação entre as cidades vizinhas e o centro econômico: Barra do Piraí. A Central do Brasil empregava um grande número de pessoas que moravam nos bairros do Carvão, Santo Cristo, etc.
    Com isso, a Light instalou seus escritórios no município, dirigindo daqui suas atividades nos municípios vizinhos. Já em 1952 construiu uma barragem no rio Paraíba e uma usina elevatória, que, por meio de um túnel, leva as águas do Paraíba para um reservatório (no bairro Chalet, município de Piraí), onde se juntam com as águas do Piraí para gerar energia elétrica nas usinas de Fontes, em Piraí. A cidade possuía hotéis importantes como, por exemplo, o Hotel da Estação e o Hotel Antunes, onde os viajantes se hospedavam.
    Havia grande rivalidade entre os dois antigos povoados que formaram Barra do Piraí. Por isso, desde quando foram fundados os clubes desportivos Royal (em Santana) e o Central (em São Benedito) foram rivais durante vários anos, sendo os jogos de futebol entre os dois clubes muito disputados.
    A criação de bovinos substituiu o plantio do café nas propriedades rurais. E, a partir de 1946, passou a ser realizada uma Exposição Agropecuária Sul Fluminense, reunindo produtores de muitos municípios e que, muitas vezes, foi inaugurada com a presença de Presidentes da República, que se hospedavam nas antigas propriedades de café. Até os dias de hoje, são realizadas as Exposições Agropecuárias, sempre no início do mês de Julho e continuam por atrair uma multidão de visitantes para o município.
    Foi criada a Casa do Viajante para reunir os “caixeiros viajantes”, que eram representantes das fábricas que vinham visitar as lojas e efetuar vendas.
    A população cresceu, muitos imigrantes, vindos da Europa e do Oriente Médio, fugindo das guerras e procurando melhores condições de vida, aqui se estabeleceram e continuam até os dias de hoje compondo uma boa parcela do comércio local, tais como: portugueses, libaneses, italianos, suíços, alemães etc, criando lojas e indústrias em nosso município.
    Vários fatores abalaram a liderança de Barra do Piraí no Vale do Paraíba como:

  • A criação da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e o crescimento da cidade de Volta Redonda;

  • A construção da rodovia Presidente Dutra, fazendo com que o transporte para o Vale do Paraíba deixasse de ser apenas ferroviário, como até então;

  • A extinção dos trens de passageiros feita pelo presidente Jânio Quadros em 1961.

    Esse foi um duro golpe para o município, que viu seu comércio esvaziar-se pela falta dos trens, que traziam os compradores das cidades vizinhas. A Rua da Estação teve seu comércio diminuído e perdeu sua importância. Porém, Barra do Piraí ainda é um município importante para Vale do Paraíba.
    Possui uma população de 90,5 mil habitantes (IBGE/CIDE – 2000); um comércio muito desenvolvido e variado; várias agências bancárias; indústrias grandes, médias e pequenas; e plena possibilidade de crescer. Além disso, possui energia elétrica; facilidade de abastecimento de gás natural; facilidade de transporte rodoviário e ferroviário, dada a sua ótima localização, uma vez que é próxima a estrada de rodagem BR393 (Lúcio Meira), que vai de Volta Redonda a Três Rios ligando a Presidente Dutra, ligando-se aos grandes centros: Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte.
    Possuindo mão-de-obra qualificada, Barra do Piraí reúne as condições favoráveis para se tornar um grande centro industrial e de serviços. Sem falar no turismo natural e cultural, grande fonte de renda e de trabalho, e que vem se desenvolvendo e ganhando força em nosso município, principalmente com a adesão dos proprietários das antigas fazendas de café do município, algumas abertas à visitação, outras se tornando pousadas. Tais propriedades guardam traços importantíssimos do nosso passado histórico, retratando toda a beleza da volta ao passado. Com suas senzalas, algumas bem conservadas, dão uma visão bem real ao turista, que terá a oportunidade de visitar o museu do escravo e conhecer um bonito acervo dos tempos da escravidão.

Ano de Instalação
1890 

Microrregião
Barra do Piraí 

População
94.855 (Censo de 2010)

Mesorregião
Sul Fluminense 

Altitude da Sede
363 m

Limites
Piraí, Valença, Volta Redonda, Mendes, Vassouras, Barra Mansa e Pinheiral

Distância à Capital
119 Km

Área Territorial
582 km²

Distritos: Barra do Piraí é composta de 6 distritos: Barra do Piraí (sede), Ipiabas, Vargem Alegre, Dorândia, São José do Turvo, Califórnia da Barra.

Calendário Oficial

10 de Marçode 1890- Data da emancipação de Barra do Piraí.

26 de Julho - Dia da Padroeira da cidade. Nossa Senhora Santana.

Distrito Sede:

Areal

Belvedere da Taquara

Boa Sorte

Boca do Mato

Caixa D'Água da Represa

Cantão

Centro

Chácara Farani

Chalet

Coimbra

Carvão

Guararema

Horto

Jaqueira

Maracanã

Matadouro

Muqueca

Morro do Gama

Nossa Senhora Santana

Nossa Senhora de Fátima

Oficinas Velhas

Parque Santana

Parque São Joaquim

Ponte Vermelha

Química

Roseira

São João

Santo Cristo

Vargem Grande

Vila Helena

Vila Suíça

Doutor Mesquita

Lago Azul

Santa Bárbara

Arthur Cataldi

Santo Antônio

Morro do Macaco Molhado

Santa Cecília

Ponte Preta

Ponte do Andrade

Caixa D'água Velha

Represa

Roseira

Metalúrgica

Campo Bom

Caeira

São Pedro

Minuano

Loteamento Firmino

 

Distrito Califórnia:

Mesmo sendo o menor distrito em extensão territorial de Barra do Piraí, com apenas 28,474 km², a Califórnia é o segundo distrito mais populoso do município, com mais de 20 mil habitantes. O distrito é situado a 36,1 km do distrito sede,possuindo oficialmente 11 bairros:

 

Boa Vista da Barra

Santa Terezinha

Cerâmica União

Recanto Feliz

Morada do Vale

Califórnia

Bairro de Fátima

Estrela de Fátima

São Luís da Barra

São Francisco

Guadalupe

Outros distritos:

Distrito Ipiabas

    Conhecido pelo turismo e localizado a apenas 16,6 km do distrito de Barra do Piraí. Ipiabas é o distrito mais próximo da sede do município. Com área total de 44,365 km² é o quarto distrito em extensão territorial de Barra do Piraí. O clima temperado e os 750m de altitude contribuem para a grande vinda de turistas, que procuram Ipiabas para aproveitar o clima ameno e o contato com a natureza. Além das diversas trilhas ecológicas, um dos mais belos atrativos naturais é a Cachoeira de Ipiabas, formada por duas quedas, uma com 3,5m altura e a outra com 5m. A forte ligação com a história dos antigos barões do café também contribuiu para o crescimento do turismo cultural do município, recebendo vários eventos importantes ao decorrer do ano. Os eventos do Circuito Vale do Café comprovam isso, já que o aumento contribuiu para que a gastronomia e as aconchegantes pousadas ganhassem força no distrito para poder atender a demanda. Com aproximadamente quatro mil habitantes, no ano de 2014, Ipiabas ganhou mais um feito, recebendo a área de teste para habilitação A (moto) e B (carro), que está movimentando e valorizando ainda mais a economia local.

Distrito Dorândia

    Às margens da Rodovia Lúcio Meira, entre Barra do Piraí e Volta Redonda, Dorândia é o terceiro maior distrito do município com 104,466 km² de área total. No século XIX, teve grande importância graças a produção cafeeira.O distrito já teve vários nomes, Dores do Pirahi (1890), Dores do Piraí (1911) e Nossa Senhora das Dores (1938), apenas a partir do Decreto-Lei Estadual Nº1056 de 31 de dezembro de 1943, foi nomeado como Dorândia, nome que continua a ser usado até os dias de hoje.  Nos anos 80, serviu de cenário para a telenovela Salvador da Pátria, da Rede Globo, contando com a presença de grandes atores da dramaturgia, como Lima Duarte, Maitê Proença, Francisco Cuoco, José Wilker, Bety Faria e Susana Vieira.

Distrito São José do Turvo

    Embora seja o segundo maior distrito do município, com 118,819 km², São José do Turvo possui o menor número de habitantes, menos de mil. Conservando algumas características do século passado, o distrito encanta a todos que o visitam. Um exemplo disso é a Igreja de São José, localizada no centro da Praça Genésio Soares, um dos pontos da cidade que carregam esta característica.

Distrito Vargem Alegre

    Com mais de quatro mil habitantes e 101,538 km², o distrito de Vargem Alegre tem sido uma das principais áreas de para expansão industrial de Barra do Piraí. Em seu contexto histórico, na década de 50, Osvaldo Aranha morou no distrito, período em que se dedicou à consultoria jurídica e ao seu haras que ali era localizado.

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